Por Josimar Melo
Fotos Tuca Reinés
Quando recentemente a jornalista Barbara Gancia, em sua coluna na rádio BandNews FM, fez um longo comentário sobre o infernal comportamento de algumas crianças em pizzarias (inclusive entrevistando clientes – tanto pais quanto filhos), muita gente deve ter lembrado de situações com que se defrontaram ao comer fora com a família – seja com suas próprias crianças, ou com as alheias.
Não é só o público que às vezes é incomodado (ou incomoda) em situações como essas. Também os donos de restaurantes terminam ficando muitas vezes em momentos delicados diante do comportamento inadequado de clientes. Como agir em uma hora dessas?
A chef e proprietária do restaurante Capim Santo, Morena Leite, conta que, antigamente, quando o restaurante ficava na Vila Madalena, eles tinham mais problemas com crianças porque lá havia um laguinho em que elas adoravam jogar pedrinhas. Mas o lago entupia, então o maître era obrigado a pedir aos pais que interrompessem a brincadeira. “A gente tenta sempre ser educado nesse tipo de abordagem”, explica a chef, “mas alguns pais simplesmente ignoram. Aí não tem muito o que fazer”.
Na verdade, este não era o maior problema – as crianças estavam entupindo o lago, mas não incomodando os clientes. “O problema maior”, relata Morena, “é que alguns pais largam os filhos pelo restaurante e as crianças fazem o que bem entendem, inclusive se arriscando”. Como o Capim Santo não tem serviço de monitoria, a solução é que os garçons sempre pedem, delicadamente, que os pais fiquem atentos, pela segurança das próprias crianças.
De resto, Morena diz que a experiência de ter um restaurante cheio de crianças costuma ser gratificante: “Minha mãe e eu adoramos crianças e essa energia é sempre muito bem-vinda, tanto aqui quanto na pousada em Trancoso”.
Ela também separa bem as coisas: “Se uma mesa reclama porque tem crianças brincando, rindo alto, fazendo uma bagunça saudável, eu peço desculpas, mas criança brinca mesmo e o Capim Santo é uma casa que acolhe a todos”.
As pizzarias costumam ser alvos preferidos de famílias. Uma testemunha privilegiada disso é Gustavo Rodrigues Bacellar, sócio da pizzaria Bendita Hora. Ele diz que pequenos problemas com a criançada são comuns, mas ele consegue contorná-los propondo uma troca aos pequenos: se eles se comportarem e colaborarem “com o tio”, ganham um pedaço de pizza de chocolate na hora da sobremesa. Eles tendem a topar na hora. “O público infantil é importante pra gente – até porque, em muitos casos, são as crianças que levam os pais na pizzaria, não o contrário”, explica. Caso uma mesa vizinha reclame da bagunça excessiva, ele costuma levar a queixa aos pais, mas nem sempre o pedido para acalmar os filhos é bem-vindo. Segundo Gustavo, já saiu até briga porque um cliente decidiu ir até a mesa ao lado para reclamar diretamente. “Por isso preferimos sempre intervir com delicadeza e contar com a colaboração das crianças”, diz.
Para ele, a melhor forma de lidar com esse tipo de situação sem ser inconveniente é entrar no universo das crianças e falar a língua delas. Explicar que tem gente que está lá pra conversar, tem gente que está namorando. E,claro,tirar da manga a carta da pizza de chocolate: os olhinhos brilham e, geralmente, a bagunça acaba por ali.
Matéria publicada na segunda edição do Flavour Guide - Lugares Especiais, Sabores Únicos (BBD Editora)
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