terça-feira, 3 de agosto de 2010

Em boas mesas, grandes negócios.

Por Josimar Melo
Fotos Tuca Reinés

É sabido que determinados restaurantes costumam atrair muitos executivos e empresários, que não raro fecham grandes negócios ali mesmo. O restaurante a bela Sintra, por exemplo, segundo o gerente Aristides Moreira Cardoso, chega a ser considerado um “amuleto da sorte” pelo presidente da Alpargatas, Marcio Utsch. “Ele já fechou três grandes negócios aqui”, explica. São almoços que acontecem em mesas mais reservadas, e nas quais se percebe o desfecho pelo vinho pedido – como a que recentemente brindou com uma garrafa de Pétrus de R$ 8 mil".

No A Figueira Rubaiyat, se fecham muitos negócios na área agropecuária, justamente por ser aquela uma casa de fazendeiros, conta o proprietário Belarmino Iglesias.
A venda das fazendas Swift para Paulo Villares, por exemplo, aconteceu muitos anos atrás ainda no Rubaiyat da rua Vieira de Carvalho. Na Figueira não apenas se fecham negócios, mas também se iniciam, em longos almoços de “preliminares”. E nas transações bem-sucedidas, os clientes costumam brindar com champanhe – inclusive os mais caros, como Cristal ou Krug. Já na sala reservada no andar de cima, muitas conversas importantes devem acontecer. “Mas nem nós sabemos o que acontece lá”, explica Belarmino, que costuma ceder o espaço para personagens como Fernando Henrique Cardoso e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central.

O hábito de comemorar os bons negócios com vinhos caros não é muito diferente em outro ponto tradicional, o Rodeio. Segundo o gerente Chagas, é comum os clientes ficarem cinco ou seis horas à mesa durante as negociações. Muitas garrafas magnum (de 1,5 litro) de champanhe ou vinho tinto são vendidas para comemorar o fechamento de negócios, que podem ser fusões de empresas, contratações de executivos ou mesmo comemorações de cumprimento de metas.

No Varanda, muitos negócios também acontecem – entre eles, uma das maiores transações recentes na economia brasileira, a fusão da Sadia com a Perdigão. O proprietário do restaurante, Sylvio Lazzarini, acompanhou todo o processo. Certo dia seu amigo Nildemar Secches, presidente da Perdigão, contou-lhe em um almoço que a Sadia havia feito uma oferta hostil de compra, ao que Sylvio retrucou, brincando: “então façamos uma contra-oferta hostil: vamos comprar a Sadia!”. Algum tempo depois voltou o mesmo executivo, desta vez acompanhado de Luiz Fernando Furlan, presidente da Sadia, e de um advogado. “Que prazer! Vamos sentar na mesa da diretoria!”, brincou Sylvio, referindo-se a uma mesa que na verdade nada tinha de especial.
Nildemar então o puxou pelo braço e cochichou: “Compramos a concorrente!”. Presente no Varanda no dia e hora certos, para participar do almoço de uma confraria de jornalistas, o colunista Guilherme Barros, então na Folha de S.Paulo, deu a notícia em primeira mão.
Desde então, diversos executivos e empresários, quando chegam ao restaurante para tentar fechar algum negócio, já pedem a Sylvio a tal “mesa da diretoria". Ao que ele responde rindo: "Ok, mas lá o preço do couvert é dobrado!"

Matéria Publicada na segunda edição do Flavour Guide - Lugares Especiais, Sabores Únicos (BBD Editora)


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