terça-feira, 3 de agosto de 2010

A sedução no prato, no copo... e no ar.

por Josimar Melo

fotos Tuca Reinés


O que faz de uma refeição em um restaurante algo romântico? O que, em um jantar, promove a aproximação, incendeia a atração em um casal?

Para donos de restaurantes tradicionalmente românticos de São Paulo, o primeiro impacto favorável ao romance é o do ambiente.

O Blú Bistrô, por exemplo, tem esta atmosfera romântica – há mesmo casais que se conheceram ali e ali se casaram, lembra o proprietário Gastón Damian. “Sempre há os que me perguntam: qual é ‘a’ mesa? E ela de fato existe: a mesa 18, que eu chamo de ‘mesa dos amores’, e fica em uma sala bem reservada, em um cantinho do restaurante, com um sofá”.

No La Casserole também existe “a” mesa – no caso, mais de uma: são as que ficam perto da janela, de frente para a clássica banca de flores do Largo do Arouche.
“Há muitos casos em que o namorado ou marido pede, em segredo, que o garçom vá buscar um buquê na banca e entregue na mesa para a amada”, conta a proprietária Marie-France Henry.

Também para o chef e proprietário do Allez, Allez!, Luiz Emanuel, os casais procuram o restaurante por causa da atmosfera romântica, trazida pela decoração que remete à Belle Époque da França dos anos 20. Uma atmosfera tão inspiradora que “houve casal que já chegou às vias de fato ali mesmo, em um sofazinho no andar de baixo; e a salinha privé, com luz baixa, também é ótima para namorar”, diz o chef.

Mas se o ambiente pode favorecer o romance, a comida em si não é uma carta fora do baralho: ela também pode contribuir. No Blú, para começar o champanhe é campeão, seguido de drinques como o Manhattan e o Cosmopolitan. Os pratos mais pedidos pelos apaixonados são as moules et frites (mexilhões com batatas fritas), que se pode petiscar a dois, e peixes, como a truta com espaguete de pupunha. “Mas o grande segredo está na sobremesa, um clássico para estas ocasiões: a sopa de morango com suco de laranja e Cointreau, flambada e servida com sorvete de creme”, explica Gastón. “É doce e azeda ao mesmo tempo, quente e gelada... Provoca todo tipo de sensações.”

Para Luiz Emanuel, nas ocasiões românticas as pessoas estão mais dispostas a comer e beber o que há de mais gostoso, e por isso ele sugere menus exclusivos, leves e sem muitas etapas, para o tempo não se esgotar somente na mesa. Itens como uma vieira recheada com patê de trufas brancas, um tempurá de rã... E, para finalizar, uma mini-degustação de pequenas sobremesas, assim o casal pode experimentar diferentes sabores. Outra opção que agrada às mulheres, o gâteau-mousse de chocolate, “é tiro e queda, já que o chocolate, assim como o café, tem efeito estimulante”, diz o chef.

“Nos bons momentos a dois, o lugar tem um papel muito importante e pode mudar a ocasião da água para o vinho”, insiste Marie-France. “Mas é claro que um bom espumante, vinho ou champanhe também ajuda.” Com relação à comida, Marie procura se informar sobre o gosto dos clientes antes de sugerir um prato especial para a situação. “Todos falam em ostras e comidas afrodisíacas, mas para mim, comida que tem cara de namoro é aquela de que a gente gosta, que está com vontade de comer.”

Matéria publicada na segunda edição do Flavour Guide - Lugares Especiais, Sabores Únicos (BBD Editora)


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