sexta-feira, 30 de outubro de 2009

In vino veritas.

Em meio a tantas experiências gastronômicas que a cidade de São Paulo oferece, decidi dividir com os leitores aquelas ligadas a um vinho que me marcou.

Sem grandes pretensões de jantar formalmente fui numa sexta-feira a noite no Empório Santa Maria, um mercado boutique, para comprar algumas iguarias e garantir assim algo diferente para começar o final de semana.
Infelizmente ao chegar depois das 22h o mercado já estava fechado, portanto fui convidado a jantar no restaurante no piso superior.

Pratos escolhidos, passei os olhos na carta de vinhos quando me chamou a atenção Quinta do Crasto Reserva – Vinhas Velhas 2005, não somente pela presença do Top 3 Vinho do Ano pela Wine Spectator (95 pontos) mas, também a sua acessibilidade de preço R$129,00. Uma ótima relação custo benefício.

Do prato em si, daquela noite pouco me recordo, uma vez que o Quinta do Crasto me encantou de tal forma com sua coloração profunda e refinados aromas de kirsh, amora, cereja preta e especiarias. Os aromas de frutas suportados por notas minerais e seu final carregado de chocolate negro encantam, seu corpo estruturado com taninos equilibrados realmente marcam essa jóia do Douro.

Essa experiência enófila me levou a caça da safra de 2005 por diversas lojas e por sorte consegui comprar a última caixa da “Art des Caves” antes que sumisse do mercado.

Por acaso reencontrei o Quinta do Crasto Reserva 2005 no Restaurante Pasquale e acredito que o próprio Pasquale Nigro, um cozinheiro de predicados que transformou a sua cantineta no melhor restaurante italiano/cantina de São Paulo (eleito pela Veja SP 2008), nem sabia da preciosidade que guardava em sua adega.

Não tive dúvida, em boa companhia, arrematei as duas derradeiras garrafas e me deliciei, saboreando as maravilhas da culinária italiana do mestre Pasquale.

Jantar no Pasquale requer tempo para saborear suas entradas e antepastos espetaculares. Recomendo para começar, se derreter junto com a burrata, uma iguaria, um queijo branco esférico que ao ser cortado derrete naturalmente pelo prato, leva ainda uma pitada de manjericão e limão siciliano. Para contrabalançar a suavidade da burrata, a sopressata um tipo de salame feito pelas habilidosas mãos artesanais do caprichoso Pasquale, tem um leve toque apimentado. Com uma variedade enorme de queijos e antepastos tipicamente italianos; lichela, berinjela, alcachofras, pimentões, etc... acompanhados de um tradicional e crocante pão italiano, não preciso nem dizer que aprimeira garrafa do Quinta do Crasto Reserva 2005 já tinha sido saboreada.

A segunda garrafa da noite foi apreciada em meio à massa caseira com sua variedade de molhos e acompanhamentos, com destaque ao Rigatoni ao Ragú de Cordeiro e ao Penne Della Ragaza com molho de tomate, funghi e lingüiça.

Uma vez esgotada a safra de 2005 e eu feliz proprietário de uma das 7000 caixas produzidas, fui com grandes expectativas à procura da safra 2006.

A região do Douro em Portugal passou por uma verdadeira revolução nos últimos anos, conhecida há séculos pelos seus vinhos fortificados “do Porto” vêm desde o fim da revolução portuguesa em 1974, recebendo produtores de diversas regiões que ao longo dos anos criaram excelentes vinhos de mesa.

O rio Douro, o mesmo que na Espanha dá o nome à região vinícola denominada Ribeira Del Duero, quando chega a Portugal traz às suas margens, cujos platôs podem estar entre 200 e 600 metros, diversos produtores e inúmeros micro-climas o que tornam a região tão intrigante para o mundo do vinho.

A Quinta do Crasto propriedade da família Roquette que começou a produzir vinhos de mesa em 1994, está encrustada na margem direita, nas encostas do Douro entre os rios Torto e Tedo, região conhecida por Cima Corgo. (Vale a pena visitar a região, principalmente na época da colheita. Lembrando que a cidade do Porto oferece todo o conforto de um moderno aeroporto e fácil acesso à região vinícola).

A produção do Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas é recente e desde que começou a ser avaliado pela Wine Spectator nunca obteve menos de estonteantes 92 pontos dos 100.

A safra de 2006 garantiu seus 92 pontos o que é um grande feito.

A grande expectativa da região, seus produtores e minha é claro é sobre a safra de 2007 que, devido ao seu verão mais frio, que permitiu um desenvolvimento mais lento das uvas e um período de colheita mais quente e seco, deve superar e muito a famosa safra de 2000 que colocou os vinhos do Douro no mapa mundi.

Com toda essa expectativa, com será o Quinta do Crasto Reserva – Vinhas Velhas 2007? Será que irá superar a safra de 2005 com 95 pontos e seu 3 lugar no Top 100 na Wine Spectator?

Respostas a essas perguntas eu ainda não tenho, no entanto só posso deixar a minha última dica para a coluna “Eu Recomendo” desta semana que é: Esta maravilha já chegou ao Brasil e se encontra à venda, não sei por quanto tempo nas seguintes lojas: Art Des Caves, Vino! e o mercado boutique do Santa Maria onde toda esse minha história começou.

Eu já garanti minhas garrafas.
Boa sorte e aproveitem.
Saúde.

Henrique Tichauer
Colunista Flavour Guide e apaixonado pelos Prazeres da Vida.

Dicas de gastronomia e vinhos: www.twitter.com/PrazeresDaVida

Referências:
www.emporiosantamaria.com.br/
www.pasqualecantina.com.br/
www.winespectator.com/Wine/Home/
www.artdescaves.com.br/artdescaves/
lojavino.com.br/

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